Nesse sentido, o Brasil
é a realização derradeira e penosa dessas gentes tupis, chegadas à costa
atlântica um ou dois séculos antes dos portugueses, e que, desfeitas e
transfiguradas, vieram dar no que somos: uns latinos tardios de alem?mar,
amorenados na fusão com brancos e com pretos, deculturados das tradições de
suas matrizes ancestrais, mas carregando sobrevivências delas que ajudam a nos
contrastar tanto com os lusitanos.
Como se vê, estava
constituída já uma fórmula extraordinariamente feliz de adaptação do homem ao
trópico como uma civilização vinculada ao mundo português mas profundamente
diferenciada dele. Sobre essa massa de neobrasileiros feitos pela
transfiguração de suas matrizes é que pesaria a tarefa de fazer Brasil.
A assunção de sua
própria identidade pelos brasileiros, como de resto por qualquer outro povo, é
um processo diversificado, longo e dramático. Nenhum índio criado na aldeia,
creio eu, jamais virou um brasileiro, tão irredutível é a identificação étnica.
http://www.filosofia.com.br/trecho.php
Nenhum comentário:
Postar um comentário