A
cada ano, cerca de um milhão de jovens atinge a idade de 16 anos, abrindo perspectivas
para entrar formalmente no universo do trabalho. Se considerarmos que mais de
85% da população brasileira é trabalhadora, teremos então um elevado número de
jovens que anualmente procuram trabalho. Os dados oficiais, porém, não são
animadores porque, segundo o IBGE, ao menos 40% desses jovens não encontram
trabalho. E para os que encontram “um lugar ao sol”, os salários são
irrisórios, variando entre meio e dois salários mínimos, sendo que a média gira
em torno do mínimo nacional.
O
quadro se agrava quando olhamos o resultado do modelo de educação em que a
maioria dos jovens que findam o Ensino Médio não alcança a média aceitável do
aprendizado: “Quase metade dos 2,6 milhões de alunos que prestaram o Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2009 teve notas inferiores a 500 pontos
estabelecidos como média pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep), responsável pela prova, em todas as quatro áreas
avaliadas” (Estado de São Paulo de 29 de janeiro de 2010). Com isto não conseguem
ter o discernimento necessário a um bom desempenho no contexto de sua vida
pessoal, familiar, de trabalho e política. Perguntamos: O que fazem, em geral,
os jovens que buscam trabalho e não encontram? O que o mundo capitalista lhes
oferece? Que perspectiva de vida feliz terão?
A exploração do
trabalho
Outro
fator a ser considerado é que os trabalhadores produzem a riqueza do país,
porém, esses que produzem ficam com parte insignificante da distribuição da
renda gerada, insuficiente para manter sua vida e a vida de sua família com um
mínimo de dignidade. A
economia que vigora no mundo capitalista é concentradora de riquezas nas mãos
de uns poucos e multiplicadora de miséria para a imensa maioria. Com a chegada
do neoliberalismo, essa concentração se intensificou. Tal fator se agrava
quando entendemos que os estados estão organizados em função do capital e não
do bem-estar do povo. Assim, todo planejamento nacional se faz em torno dos
interesses das grandes empresas, em detrimento da qualidade da vida do povo.
Nesta fase do neoliberalismo, a fome já atinge dois terços da humanidade - mais
de quatro bilhões de pessoas -, segundo a ONU.
Ainda
que em alguns países, por questões históricas, o padrão de vida esteja acima da
maioria das nações, ali também prevalece a precária distribuição da renda, com
miseráveis se amontoando pelas ruas. Nesse contexto, considerando ainda que os
países imperialistas (EUA e países da União Europeia) procuram dominar nações
menos poderosas, para delas extrair riquezas, as guerras se multiplicam
dizimando gerações de adultos, de jovens e de crianças. Enquanto que,
internamente, com o campo aberto ao tráfico de drogas, verdadeiras guerras
civis são travadas. E a juventude é a mais atingida, principalmente os pobres e
negros.
Ser humano, a
prioridade
Sem
trabalho ou com sua supererxploração, o que o mundo capitalista deixa para a
imensa maioria da juventude é uma vida com menos perspectivas, embora continue
a lhes oferecer um paraíso aqui na terra, se consumirem seus produtos, enquanto
nega-lhes os meios para adquiri-los. Não é por menos que presenciamos jovens
alienados, desesperados, sem sequer compreender o que se passa e quais as
causas da sua marginalização e miséria.
O
desafio que se coloca é como desenvolver um amplo trabalho de conscientização e
de organização da juventude, visando a prepará-la para exigir profundas
mudanças estruturais, como no caso do Brasil. O presente e o futuro estão nas
mãos da juventude e está precisa se capacitar para exercer seu protagonismo no
mundo da cultura, do trabalho, da economia e da política (no seu amplo sentido,
não unicamente partidário). É preciso repensar a organização e a função do
trabalho, colocando o ser humano como o destinatário de toda a produção e não o
ser humano a serviço da produção. Repensar a organização da nação, tendo seus
poderes sob controle popular e voltado, em primeiro lugar, para o bem comum.
Palavras-chave: Selecione
Juventude, trabalho e dignidade Artigo sobre juventude e trabalho.
Waldemar
Rossi - metalúrgico aposentado e membro da Pastoral Operária da arquidiocese de
São Paulo. walderossi@ig.com.br. Jornal
Mundo Jovem.
Fonte: http://www.mundojovem.com.br/artigos/juventude-trabalho-e-dignidade